Ernani Xavier Filho
Histórico Profissional

A família Pirajuense

emaniComeço a minha estória ou história na cidade de Piraju Estado de São Paulo no dia 06 de outubro de 1955 na Santa Casa de Misericórdia às 11h30min da manhã como a maioria dos nascidos na época; parto normal filho de Ernani Xavier e Zulma Pastorello Xavier. Ele caçula de sete irmãos filho de uma família de ex-cafeicultores que perderam tudo na queda do café depois do “crack” da bolsa de Nova York, o único com curso superior, cirurgião dentista formado em Ribeirão Preto SP. e que por quarenta e nove anos amou e exerceu a sua profissão. Ela terceira filha de uma família de posses normalista, a profissão das moçinhas da década de 1950, primeira motorista da cidade de Lins e que após o casamento preferiu a vida de mãe e dona de casa a qual exerceu por mais de cinqüenta anos em companhia do esposo. As lembranças dessa época são poucas e estavam guardados na memória dos tios e padrinhos e foram gentilmente cedidos a mim para que pudessem fazer parte desse memorial, fiquei sabendo que nasci com muita fome, que não gostava de dormir e adorava escutar discos na “radio vitrola” passava horas sentado quieto ouvindo música. A chegada de meu irmão Sérgio em 19/11/1957 completou a família pirajuense.

A infância na minha casa

Minha infância em Piraju, como toda infância interiorana, teve muito verde, frutas um quintal de 650 m2. Por conta das minhas pernas tortas até os seis anos de idade dormi entalado, isso mesmo entalado por ordem do ortopedista da época Dr. Godoy Moreira de São Paulo, meu pai enfaixava as minhas pernas todas as noites ia para cama chorando e só me soltava no outro dia pela manhã quando aos berros eu pedia para sair da cama, deve ser por isso que eu odiava dormir como contava o seu Ernani. Durante o dia usava uma “linda bota ortopédica” quer saber como ela era? Assista Forrest Gump!

Os amigos Márcio e o seu irmão Pedrão cuja casa ficava nos fundos da minha era só escalar o muro e pronto já estava lá. Os Catalás (Pacão, Ratão e Molão) peço vênia a eles, pois só me lembro dos apelidos. Quase nunca fui a casa deles o local todas as brincadeiras (pega-pega, esconde-esconde, mocinho e bandido entre outras) era ao redor da minha casa.

O Futebol era jogado em um espaço na lateral em frente à porta da sala, um plano inclinado, que favorecia ao melhor “becão artilheiro” da rua, eu mesmo, destruir toda e qualquer tentativa de ataque do “Time dos Catalás” era só dar um bico na bola que ela tranquilamente estufava as redes dos adversários. Aqui vale lembrar algumas as regras: a) bola era minha; b) duração do jogo 5 vira 10 termina; c) a estratégia era a seguinte sempre atacávamos para cima no primeiro tempo por que venceríamos de vida, na decida é claro, na etapa final; d) em caso de o campo ser plano com uma mangueira no meio, eu jogava no time mais forte só que no gol porque a bola era minha certo e dava mais tempo de os jogadores do meu time destruir os ataques dos adversários … Sempre fui “frangueiro”!

Trilha sonora histórias do Tio Janjão, disco do Carequinha, depois Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto.

A escola a educação física a música e o rio Paranapanema

Aos sete anos entrei no primeiro ano primário no Grupo Escolar anexo ao Instituto de Educação Estadual “Coronel Nhonhô Braga”. Isso mesmo não fui à pré-escola D. Julieta foi a minha primeira professora foi ela quem me ensinou as primeiras letras. Do primeiro dia de aula tenho duas lembranças vamos a elas: 1) Meu pai e minha mãe levaram-me até a porta da sala do primeiro ano mandaram que eu entrasse e me comportasse disseram ainda que estariam de volta às 17h00min; 2) na saída para o recreio seguimos em fila indiana até o pátio, sentei-me para o lanchinho preparado pela mamãe, pão com manteiga e suco de limão galego, lá do quintal. A nota cômica; caí do banco quando soou o sinal para entramos em sala, “puta susto”… 17h00min minha mãe estava lá ufa! Daquele dia em diante até o ultimo dia no “Nhonhô Braga” caminhava casa-colégio-casa, e nos dias de chuva? Guarda chuva meu pai não havia comprado o Fordão ano 1936 azul índigo (desbotado) igual aqueles dos filmes de gangster.

Nos quatro primeiros anos de escolarização a educação física era?! Sei lá não tinha isso na minha escola lembro apenas de um dia festivo em que a D. Arlete Gatti, a mãe do Maurício um colega de sala propôs uma chatíssima disputa de “Bola ao Túnel” entre as quatro turmas do prime ano. Dá para imaginar não é? A bola teimava em escapar das minhas mãos e o resultado minha turma em último lugar. Penso que se houvesse o MABC de Henderson & Sugden naquela época o diagnóstico de TDC teria sido fácil.

Findo o quarto ano o primeiro sarrafo passei no exame de admissão estava eu no Ginásio para mais quatro anos de escolarização. Várias “matérias” vários professores as mais amadas por mim: história, francês depois inglês, isso mesmo francês, inglês e a tal da educação física ás 11h00min da manhã… Desmaiei de calor e de fome! As mais odiadas bem a matemática estava lá.

Como a quadra de asfalto era plana e havia mais bolas à disposição da molecada fui para o banco nunca mais mostrei a minha “categoria” em qualquer das duas modalidades, basquete e vôlei só isso nos quatro anos de ginásio. Ainda assim me lembro de uma conversa com meus pais a respeito de minha futura profissão, você leitor tem alguma idéia? Acertou se pensou em Professor de Educação Física e por incrível que possa parecer tive o apoio dos meus pais.

Como atividade complementar aula de música, queria violão ou piano acabei no acordeão como os meus pais queriam. Eu nem agüentava com o peso da sanfona de oitenta baixos meu pai levava e trazia o instrumento de casa para a escola e vice-versa. Permaneci na música por bem uns quatro ou cinco anos aprendi ler partitura e tocar alguns acordes “Sobre as Ondas foi meu único sucesso” a minha frustração foi não aprender piano, até hoje sou apaixonado pelo seu som.

Num verão muito quente lá pela metade da década de 1960 eu e meu irmão o Sérgio fomos apresentados ao nosso professor de natação o mais famoso nadador de Piraju o “Jararaca”, ou melhor, professor Sidney ele teve a responsabilidade e o mérito de nos ensinar a nadar no Panema (Rio Paranapanema). Nunca usei bóia prancha ou qualquer aparato que pudesse me ajudar a flutuar ou aprender a nadar primeiro porque não havia esse material, segundo porque o professor “Jararaca” dizia que isso “viciava”, só sei que aprendemos, tomei alguns goles d’água sim, mas consegui sair do Vezinho local das primeiras braçadas. As primeiras travessias do “Panema”140 metros foram feitas sem o conhecimento dos meus pais assim como primeira incursão á Baia do Judas dois quilômetros rio acima nadando. Elegi o rio como amigo e confidente fiz até um poema para o rio, mas isso não vem ao caso nesse momento.

As primeiras competições

Numa tarde enquanto brincava de “pega-pega” no rio o Dr. Alberto, um engenheiro civil apaixonado por natação, me convidou para tirar um tempo junto com outros meninos que iriam representar o clube em uma competição, fui o segundo mais rápido entre todos os colegas nos 40 metros livre.

Começava assim minha ligação com a natação competitiva. Devia ser o ano de 1966 ou 67, ano em que Piraju ganhou a sua primeira piscina no Iate Clube Piraju formamos uma equipe que participava de competições entre as cidades vizinhas Xavantes, Santa Cruz do Rio Pardo e Ourinhos.

Com treze ou quatorze anos de idade passei a organizar a equipe de natação do “Nhonhô Braga”, pois desde que aprendi a nadar minhas aulas de educação física eram feitas no clube da cidade. Depois que o técnico o “Zé Magro” desistiu do cargo passei a organizar a natação do Iate Clube Piraju também.

Nosso calendário era curto, três competições por ano: uma no aniversário da cidade dia 20 de janeiro a outra no aniversário do Clube em abril e o Campeonato Colegial fase regional no final de maio sempre realizado na cidade de Botucatu frio muito frio!

No ano que não acabou, é isso 1968 fomos classificados para a fase final do Campeonato Colegial em São Paulo piscina 50 metros do Ibirapuera na Semana da Pátria, sem comentários…

Trilha sonora penso inicialmente em Roberto Carlos e o calhambeque, “ie ie ie“ Beatles mais tarde The Who e outros grupos de rock.

Primeira vez em Londrina o Canadá Country Clube virei Piraju

Em 1971 nas férias de verão vim pela primeira vez à Londrina a convite de minha tia Zanda conheci um clube de cidade grande o Canadá Country Clube que possuía uma equipe de natação estruturada comandada pelo Calixto. Para mim foi paixão a primeira vista para o Calixto, nem tanto. Como o Tio Arnaldo era sócio fundador do clube pedi a ele uma ajudinha para treinar com a equipe por uns dias, passei o resto do verão em Londrina treinando pela manhã e a tarde no final das férias voltei para Piraju com a idéia fixa de voltar em julho para treinar mais e mais.

Em 1972 nas férias de verão mais Londrina e treinos o empenho nos treinamentos me valeu um convite, aceito sem pestanejar, ser atleta do Clube Canadá. Desde as primeiras competições tive certo destaque como não me conheciam nem sabiam o meu nome as pessoas perguntavam quem é o nadador? O cara de Piraju; pronto virei Piraju.

Trilha sonora da época rock e mais rock The Who Black Sabbath, Led Zeppelin, Pink Floyd, Jethro Tull, Emerson, Lake & Palmer…

Mudança para Londrina Faculdade Direito e Técnico de Natação!

A única coisa que me machucava era ter que voltar para o “Nhonhô Braga” e treinar sozinho no Iate. Foram tantos os choros e discussões que no início de 1973 mudei-me para Londrina para estudar e treinar. Meus pais e irmão chegam a Londrina em julho do mesmo ano. Fiz o segundo ano colegial no Colégio de Aplicação, que dureza quase que reprovei, fiz o terceiro ano do colegial no Colégio Canadá no final do ano vestibular…

Prestei e passei em Direito. Mas por que Direito? Sempre gostei de línguas você se lembra das aulas de francês e inglês lá do “Nhonhô Braga”, também fiz inglês com a amiga Carol, o plano era prestar o concurso no Instituto Rio Branco queria ser Diplomata, porem vivíamos o período da ditadura militar dos acordos MEC-USAID; AI 5; Decreto Lei 477 perseguições dentro da UEL, um reitor prepotente parente do Coronel Ministro da Educação, o fechamento do DEC e outros bichos.

Em meio a essa turbulência parei de nadar competitivamente e fui trabalhar para não ter que pedir dinheiro em casa para abastecer o Chevetão Branco ano 1975, presente por ter passado no vestibular. Atuei como cinegrafista na TV Coroados, atual RPCTV fiquei três meses no cargo tive o contrato encerrado por não concordar em trabalhar período integral e ganhar por meio período.

Numa tarde de sol enquanto matava a saudade da piscina lá no Canadá o Vicentão me convidou a assumir o cargo de professor de natação infantil do Clube. Isso era outubro de 1975 depois de um almoço em que tive que experimentar “sashimi”, eu fui efetivado no cargo.

Fiquei no Canadá até outubro de 1978 quando me indispus com o Calixto agora Diretor de Natação e fui trabalhar no Londrina Country Clube para ser técnico principal de uma equipe a ser formada. Foram sete anos intensos com a ajuda dos pais, dos diretores Milson e Moita e da molecada conseguimos aquecer a piscina do clube. Muitos profissionais conhecidos hoje na cidade foram meus atletas inclusive o atual prefeito e vice-prefeito.

Fiz Especialização em Metodologia do Ensino Superior (1980-1981) e apresentei o meu primeiro trabalho vamos dizer acadêmico-científico um estudo sobre o Estagio Supervisionado no Escritório de Aplicação confesso que ainda cultivava planos de uma especialização em Direito Tributário na França cheguei perto, ai falou mais alto o coração a Dulce já estava na estória.

Investi tempo e forças na capacitação como técnico de Natação, participei de congressos, cursos internacionais, workshops, em um dos primeiros Congressos do tipo CELAFICS aqui em Londrina com o Matsudo e o Claudio Gil não tenho idéia do ano.

Meus autores e livros de cabeceira, James Counsilman, Natação, Ciência e Técnica Para Preparação de Campeões (1980); Ernest W. Maglischo, Swimming Faster (1982); Per Olof Astrand & Kaare Rodahl Tratado de Fisiologia do exercício 1980?!

Em um desses congressos aqui em Londrina fiz uma pergunta ao palestrante Prof. Mauro Guizelini ele foi cordial na resposta, mas dada a minha insistência “pulou com os dois pés no meu peito” com o seguinte comentário “Quem esta aqui e não é formado em Educação Física para mim é leigo” entendi rapidinho o recado ali eu era o leigo metido a besta. Não demorei algum muito tempo para me decidir; prestar o vestibular para Educação Física UEL ou FEFI?

Isso já era 1982 casei em novembro dia 20 uma semana após a 1ª eleição direta para governador pós-golpe militar de 1964 elegemos José Richa, vitória da democracia. Em dezembro recém casados fomos a um casamento de uma amiga da Dulce em meio à festa saí de terno e tudo para fazer o vestibular na FEFI.

Trilha sonora Milton Nascimento, Tayguara, MPB4, Gilberto Gil, Chico Buarque, Mercedes Sosa, e todos os grupos que cantassem música de protesto. Por influencia da tia Zênia passei a prestar atenção e a ouvir música “clássica” entre os preferidos Bach e Vivaldi.

Casado Educação Física na FEFI filhos e a Piraju Escola de Natação

O primeiro semestre na FEFI foi meio estranho explico eu estava deslocado, pois no direito eu, que era um dos mais novos da sala, e demorei a me integrar com os colegas será que na educação física sendo vamos dizer um dos mais “experientes”, seria aceito pelo grupo de jovens? Após as férias de julho voltei um novo aluno entusiasmado animado apaixonado pela escola pelo conhecimento e o que inicialmente seria apenas uma certificação para poder atuar legalmente como técnico de natação passou a ser a oportunidade de realmente fazer um curso superior de maneira diferente do primeiro curso o Direito. Primeiro ano foi anatomia, dança com a Dalva, basquete com o Brandão atletismo João Júlio, e outros.

Casado morando na Vila Recreio trabalhando o dia todo fazendo faculdade à noite, competições nos finais de semana era tudo de bom, mas a grana não sobrava o que fazer? Aumento não havia e por influência da Dulce passei a prestar atenção em uma atividade que começava surgir no país Escola de Natação.

Então junto com a família após inúmeras reuniões decidimos que seria interessante buscar alternativas econômicas para um novo projeto de vida construir uma “Escola de Natação”. O Sérgio então acadêmico de engenharia da UEL ficou encarregado do projeto, a família vendeu um imóvel em São Paulo eu juntei o dinheiro de um consórcio e a família reunida demos início à empreitada no início do segundo semestre de 1984.

FEFI segundo ano o ano de afirmação ano da fisiologia minha grande paixão, um dentista era o professor, e o professor Bosco apareceu no meu caminho inovando a forma de apresentar os conteúdos apresentando textos para leitura, desafiando os alunos a falar a expor as suas convicções produzir textos, o que é isso? O que é educação física me apaixonei! Ainda naquele ano apresentei o meu primeiro trabalho em um congresso de Educação Física organizado pela escola, um resumo “A Educação Física na Legislação Brasileira” fui questionado pelo professor Palma da UEL tremi, respondi acho que me saí bem não sei, mas valeu a experiência.

Um parêntese 13 de setembro de 1984 lá pelas 08h00min da manhã nasce João Guilherme de Almeida Xavier quase um mês antes do previsto correria na família… “Não tem nada pronto nem a roupa do menino a mãe levou para maternidade”!… 17h45min nasce Maria Angélica a prima loura. A família surtou!

Outubro filho novo, início da construção da escola de natação, competições importantes no final do semestre informei ao Dr. Moita diretor do departamento de natação do Country que estava construindo um novo projeto de vida, a escola de natação, e coloquei o cargo de treinador principal do clube a disposição. Passada a surpresa inicial ele solicitou que eu permanecesse no cargo até o final do ano e indicasse um substituto e que só anunciasse a decisão aos atletas na festa de final de ano em dezembro. Assim foi feito indiquei o professor Hugo Yabe um jovem técnico de natação para o me substituir e anunciei a minha saída do clube na festa de encerramento do ano.

Trilha sonora além do “chororo” do João Guilherme e das marteladas…, Milton Nascimento, MPB4, Chico Buarque, Mercedes Sosa, mais Luiz Gonzaga Jr, Egberto Gismonti e por influência da Dulce o Gonzagão e mais Bach e Vivaldi, Mozart e Beethoven.

O 3º ano Formatura e a Piraju Escola de Natação

O ano de 1985 começa diferente uso um colar serviçal desde o dia de Natal fruto de uma queda na construção. O susto foi grande houve fratura da quinta vértebra, do antebraço esquerdo e do dedo mínimo da mão esquerda. A família, e a solidariedade dos amigos ajudaram a superar essa fase, especialmente o pessoal do Country que quando soube do acidente me recontrataram até que a escola de natação fosse inaugurada.

Finalmente em 15 de março daquele ano a Piraju Escola de Natação começou a funcionar o desafio agora era conciliar uma atividade diferente daquela que tinha até então exercido e descobrir que a fisiologia não era a principal referência a ser consultada eu deveria voltar a minha atenção a aqueles que mal sabiam entrar em uma piscina. Ah! o nome da escola foi uma estratégia de marketing a semelhança do que aconteceu quando iniciei a minha participação na natação em Londrina às pessoas associaram o meu nome à atividade a ser desenvolvida “Escola do Piraju”.

O terceiro ano da faculdade ginástica olímpica rolamento saltos etc. foram muitas dificuldades contei com a colaboração do Prof. Valentin a quem devo minha gratidão, pois não teria condição alguma de realizar as atividades práticas exigidas pela disciplina.

E o 3º ano não acabava nunca, alem disso tive muita dificuldade com a disciplina de Socorros Urgentes só consegui terminar com aprovação graças à ajuda de alguns colegas de turma que toparam reler as anotações ditadas pelo Prof. Plácido Arrabal é ditadas e se você não fosse fiel ao que fora apresentado pronto nada era considerado tive que me policiar para não “inventar nada” na prova e responder só o que estivesse no caderno. Ufa consegui a média suficiente para não precisar de exame e ser aprovado só isso e nada mais.

Antes de terminarmos o ano ainda conseguimos organizar a colação de grau fui escolhido orador da turma de formandos do ano de 1985 e houve festa de formatura.

O resumo da ópera o que eu pensava inicialmente ser apenas uma forma de certificação tornou-se parte integrante da minha vida a concretização daquela primeira conversa que tive com meus pais lá por volta dos dez anos lá em Piraju ser Professor de Educação Física. Aqui vale uma ressalva apesar de ser licenciado em educação física a minha experiência com a Escola foi pequena o meu envolvimento foi direcionado basicamente para natação.

Trilha sonora Milton Nascimento, Luiz Gonzaga Jr, Egberto Gismonti, Jazz & Cia, Bach e Vivaldi, Mozart e Beethoven.

De volta à UEL

Apesar de eu não ter sido aluno da Educação Física da UEL sempre tive algum contato com o curso através do Professor Coaracy a quem conheci desde a minha chegada a Londrina, pois ele era técnico de natação do Clube Alemão ou AREL, além disso, o Coaracy ministrava a disciplina de natação no curso de educação física e participava como árbitro geral nas competições de natação em Londrina e região junto com os seus alunos.

No início de 1986 a Universidade abriu o que hoje denominamos de teste seletivo para contratação de professor temporário para dar conta da demanda existente no então Núcleo Esportivo pela prática de educação física. Explico os alunos da UEL deveriam cumprir 50% do seu tempo de curso com aulas de PEF (prática em educação física).

Apesar de estar envolvido com a escola de natação à pouco tempo e ser essa atividade diferente daquela a qual eu tinha mais contato, a natação competitiva, não pensei duas vezes antes de fazer a minha inscrição para tentar a vaga. Justifiquei essa decisão por acreditar as novidades teóricas nascem primeiramente na academia e assim sendo poderia ter contato com elas em primeira mão.

A seleção dos inscritos foi realizada através de analise de currículo dos interessados e entrevista com os professores das modalidades. Fui selecionado com mais três recém formados em educação física e foi dessa maneira que eu iniciei a minha carreira docente no Departamento de Esportes Individuais e Coletivos o (DIC). Minha carga horária de contrato eram doze horas semanais cumpridas integralmente na PEF com aulas de natação para os universitários, de segunda a quinta feira pela manhã e final da tarde.

Permaneci na condição de temporário até o ano de 1988 quando passei em concurso público para professor auxiliar. Como não houve interrupção do contrato anterior minha data de entrada na UEL retroagiu à março de 1986. A carga horária de contrato foi mantida e continuei prestado serviço na PEF. A minha situação só foi alterada para vinte horas semanais quando alguns professores foram para capacitação fora do país. Assim assumi então três turmas do primeiro ano no período noturno na disciplina de natação mais as aulas de PEF.

Antes de assumir as turmas do curso Educação Física eu procurei conhecer mais profundamente o que se esperava dos acadêmicos, a ementa do curso, os objetivos e programa da disciplina, como as aulas eram ministradas e o que se cobrava em relação aos conteúdos apresentados.

Apesar da novidade não tive problemas de adaptação à nova função tendo sido bem recebido pelos acadêmicos da época. A minha atuação se pautava na apresentação teórica dos conteúdos relativos ao ensino e aprendizagem dos estilos formais de natação: crawl, costas, peito e borboleta ou golfinho e prática das atividades relativas aos nados na piscina. A avaliação do aprendizado dos alunos era feita através de duas provas uma teórica a respeito dos conteúdos apresentados em sala a outra prática para verificar o produto obtido durante as aulas práticas.

Resumindo; na avaliação prática os alunos deveriam nadar 60 metros sem parar para obter a nota mínima (cinco), a técnica de nado era avaliada através de uma ficha a qual continha comportamentos técnicos esperados valor cinco. Os que não conseguiam nadar os sessenta metros sem parar não pontuavam, mas eles poderiam se “salvar” na prova teórica. Puxa como eu era mal!

Após dois ou três semestres nessa rotina inovei um pouco na forma de apresentar os conteúdos, na prova prática acrescentei à ficha mais duas colunas além da já existente, coluna a) a auto-avaliação coluna b) avaliação do colega de sala, coluna c) avaliação do professor.

O ritmo da disciplina ficou assim: trinta dias antes do encerramento do semestre os alunos faziam uma prévia eu os filmava nadando 30 metros. Então as duplas teriam um mês para completar a ficha e trabalhar em conjunto para melhorar o desempenho. Com a ficha completa os alunos agora nadavam 60 metros e eu atribuía a nota da prática. A nota final dos alunos era obtida pela média das duas avaliações (prática + teórica /2). Era comum ver as duplas fora do horário de aulas nas piscinas do CEFD (Centro de Educação Física e Desportos) “treinando” para a prova.

De forma quase que intuitiva eu procurava maneiras de poder fornecer informações de como avaliar o desempenho e de como conduzir atividades destinadas ao ensino da natação. Contudo o que eu avaliava ainda era o produto, a atuação didática dos alunos não era considerada.

Em suma foi essa a minha trajetória na docência tanto na PEF quanto na graduação de março de 1986 até o inicio de 1998, momento em que inicio um novo período representado pela capacitação em nível de mestrado e posteriormente doutorado que procurarei destacar em capítulo próprio adiante.

No nos anos de 1987 e 1989 mais duas pessoas completaram a família Luiz Ernani de Almeida Xavier em 21/02/87 e José Flavio de Almeida Xavier 08/03/89 esses já tinham roupa ao nascer só que experiência anterior com cólicas não ajudou muito.

Trilha sonora Milton Nascimento, Luiz Gonzaga Jr, Egberto Gismonti, Jazz & Cia, Bach e Vivaldi, Mozart e Beethoven mais aprofundados.

Iniciando a Vida Acadêmica o Mestrado

A partir daqui apresento um relato das ações desenvolvidas na busca da capacitação. Minha jornada na pós-graduação acadêmica tem início no ano de 1994 quando a partir de um movimento iniciado por colegas buscaram-se alternativas no sentido de promover a capacitação dos docentes do CEFE. Vários projetos de programas de mestrado tentaram nascer durante o período compreendido entre 1990 e 1997 nenhum deles conseguiu sair do papel.

Na visão dos professores do CEFE e também na minha percepção a capacitação seria algo inatingível fora do nosso alcance coisa possível apenas para docentes das grandes capitais, São Paulo Rio de Janeiro etc.

O ano de 1998 começou com uma nova movimentação em relação à capacitação, varias consultas foram feitas pela direção do CEFE a instituições que já possuíam programas estruturados de mestrado e doutorado particularmente à USP e a Universidade Gama Filho no sentido de se promover a capacitação dos vários docentes do CEFE que tinham interesse no “Minter – Mestrado Interinstitucional”, no entanto as conversas não prosperaram talvez pela ousadia da proposta ou então pelo desconhecimento das instituições consultadas em participar de um projeto incipiente ainda não detalhado pela Capes.

O projeto Minter no CEFE só decolou após gestões entre os reitores da UEL e da USP. Assim foi celebrado um convênio entre as duas instituições no qual a Escola de Educação Física e Esporte da USP e o Centro de Educação Física da UEL elaborariam uma proposta conjunta para concorrer a um Edital da Capes que previa a criação de cursos de mestrado interinstitucionais visando capacitar em bloco de docentes de escolas públicas.

Pelo projeto o governo do Paraná através de sua agência de fomento a Fundação Araucária bancaria as despesas relativas ao traslado dos docentes da USP mais o “jeton” dado aos que ministrassem aulas aqui no CEFE e o compromisso de arcar com seis messes de bolsa aos docentes envolvidos no programa para um estágio na USP. O projeto Minter USP – UEL foi aprovado pela Capes e no final do primeiro semestre daquele ano fizemos as provas de proficiência em Inglês e a prova de seleção nos moldes das realizadas em São Paulo.

Aqui cabe um adendo fui o primeiro a ser aprovado no exame de proficiência, porém fui o ultimo dos onze aprovados no exame de seleção a conseguir um orientador. Isso talvez tenha sido fruto da minha inconsistência em escolher uma área acadêmica para o meu projeto, pois eu queria algo que eu pudesse aproveitar no curso de Educação Física da UEL e também na Piraju Escola de Natação.

Flertei por temas distintos tais como: adesão e aderência ao exercício físico, atividade física relacionada à saúde e também a piscomotricidade relacionada ao meio aquático.

Depois de um não por telefone sem direto a réplica da professora Dra. Silene Okuma a uma intenção de estudo sobre adesão e aderência à atividade física, redigi um projeto de mestrado algo assim como um cobertor curto e que não deixava claro o que eu pretendia fazer e fui bater na porta do Prof. Dr. Edison Manoel.

Final de novembro de 1998 à noite enquanto preparava um trabalho para a finalização da disciplina de Nutrição chega uma mensagem do Edison informando que na reunião de outubro a CPG da USP aprovara a transferência de orientador, agora eu era seu orientando. Atordoado, mas contente contei a novidade apenas para a Dulce os demais colegas do Minter só tomaram conhecimento da mudança no início de janeiro quando a disciplina de Desenvolvimento Motor foi ofertada aqui em Londrina. Durante aquela semana de aulas tive oportunidade de sentar com o orientador e agora sim esboçar um projeto de mestrado.

Alem da disciplina de Desenvolvimento Motor, outros professores da EFFE-USP estiveram aqui ofertando disciplina: os professores Zucas, Go Tani, Maria Augusta, Dante de Rose Jr., Maia e Marques da Universidade do Porto e Maria Teresa Bohme.

Em meio às disciplinas tive a oportunidade de estar presente ao primeiro Seminário de Comportamento Motor realizado em São Paulo no ano de 1998 foi quando conheci algumas das lendas vivas do Desenvolvimento Motor os professores Connolly, Sugden, Barela, Jefferson Canfiled, Ana Maria Pellegrini alem de outros pesquisadores que só tinha conhecimento através da leitura de artigos.

Voltando ao mestrado passei a freqüentar semanalmente as reuniões do LACOM às sextas feiras e no final do semestre após uma consulta ao Edison sobre quando realizar o estágio em São Paulo antes ou após a qualificação eu recebi a seguinte resposta “Uma qualificação bem feita é meio caminho andado” mais uma vez entendi rápido o recado fui para lá na primeira semana de agosto de 1999 morava em um aparamento da família em Campinas e todo o dia chegava às sete da manhã ao laboratório e só retornava a Campinas no final da tarde. São dessa época também os 10 minutos de cochilo sentado no sofá do laboratório após o almoço.

O exame aconteceu no início de abril por conta da Lourdes secretária da CPG que insistiu nos trinta dias de prazo entre a notificação da CPG e marcação do dia do exame e como foram vinte e nove dias… Alem do Edison participaram da banca o Prof. Dr. Go Tani e a Profa. Dra. Lilian Gobbi.

Fui aprovado e parti para Londrina para executar o que fora planejado. Construi um carrinho que andava sobre trilhos e portava duas câmeras acopladas pra filmar as ações acima da linha da água a outra câmera para filmagens subaquática.

Em três finais de semana coletamos os dados (imagens) de cinqüenta e seis crianças de três escolas de natação de Londrina e Apucarana dentro da idade desejada prevista no projeto. O que levou mais tempo foi a analise e a classificação dos padrões motores de acordo com as alterações das condições experimentais estipuladas no projeto. Aqui eu gostaria de fazer um agradecimento ao Luciano pela disponibilidade durante o tratamento estatístico algo até então um bicho de sete cabeças para mim.

Os dados obtidos com o experimento foram muito instigantes e provocaram um especial interesse acadêmico e profissional, pois questionavam o que até aquela data fora um fato absolutamente definido para mim, ou seja, nadar seria um produto de um processo de ensino aprendizagem com uma sequência pré-organizada de exercícios os quais deveriam ser repetidos para que houvesse o aprendizado dos nados especializados. Passei a questionar textos e práticas consagradas da natação que apontavam para as famosas sequências pedagógicas dos nados e investi de maneira intensa na ligação das atividades aquáticas como um caminho para o estudo desenvolvimento motor e a pedagogia da natação e também o caminho inverso. Nesse sentido a descoberta dos textos de McGraw (1939) Newell (1986) Langendorfer & Bruya (1995) entre outros foram fundamentais para a consolidação dessa nova ordem.

Como requisito para a defesa do mestrado submeti à publicação um artigo de revisão sobre o desenvolvimento do comportamento motor aquático e as relações com o ensino da natação em companhia do meu orientador professor Dr. Edison Manoel. Tendo como pano de fundo os conceitos de desenvolvimento motor particularmente da analise desenvolvimentista da tarefa (HERKOWITZS 1978) . Esse trabalho tem norteado a minha trajetória acadêmica e profissional e de maneira freqüente é lembrado ainda hoje por colegas que se interessam pelo estudo das atividades aquáticas e de sua pedagogia. Alem disso o artigo em sua parte final aponta para algumas possibilidades de estudo e pesquisa uma das quais orientou o meu projeto de doutorado.

Nos dias e nas as noites que antecederam a qualificação e a defesa do mestrado a trilha sonora, não por minha escolha e sim dos mecânicos de uma oficina localizada ao lado do meu escritório foi Rio Negro e Solimões, Na Sola da Bota e demais sucessos da dupla ufa!

Na defesa quando questionado pela banca sobre planos para o futuro e animado com o processo de mestrado apontei para o interesse em prestar a prova de Doutorado e já nas semanas seguintes após a entrega do trabalho de mestrado na CPG parti para a elaboração de um projeto que pudesse viabilizar a minha entrada no programa de Doutorado da EEFE-USP.

Vida Acadêmica: segunda etapa o Doutorado

A gestação do projeto foi tranquila apesar de ter sido sabatinado sobre o tema de estudo pelos professores e colegas em várias reuniões do laboratório entre o final do mês de maio e o início de outubro de 2001 quando apresentei pela ultima vez o projeto Aquisição da Locomoção Aquática dos Bebês antes de protocolar a inscrição na CPG.

Para a inscrição estava tudo encaminhado eu já havia feito o exame de proficiência na Aliança Francesa já havia apresentado o projeto no laboratório só estava faltando a assinatura do orientador. Como havia mais pretendentes do que o número de vagas o clima era de incerteza foi quando o Edison chegou ao laboratório naquela sexta feira após o almoço perguntando se ele já havia assinado a minha carta de aceite, eu disse que não e entreguei o formulário e ele assinou naturalmente. Sexta feira seis de outubro de 2001 que presente de aniversário… Voltei a Londrina sorrindo como uma criança!

Novembro chegou e eu prestei a prova fui aceito no programa além disso consegui uma licença para capacitação junto ao Departamento Esporte, concorri e fui contemplado com uma bolsa da Capes e o doutorado teve início.

Em março de 2002 começa rotina de segunda a sexta disciplinas laboratório apresentações eu passava a semana em São Paulo e retornava a Londrina na sexta após a reunião do LACOM e assim foi.

As viagens, disciplinas, trabalhos leituras nada me incomodava estava muito animado com o processo e o projeto estava progredindo com as leituras de textos clássicos da área como o estudo dos gêmeos Jimmy e Johnny da pesquisadora McGraw (1935), tomei contato com textos de Sherrington 1906, Easton (1972), Galistell (1980).

No ano de 2003 em parceria com o Luciano, colegas do laboratório e o Edison Manoel submetemos a publicação um artigo desenvolvido a partir de uma idéia que Eu o Luciano apresentamos no II Seminário de Comportamento Motor e que apresentava um procedimento para a na analise dos aspectos temporais da braçada do nado crawl o artigo foi publicado em 2005.

Durante o ano de 2004 planejei e executei um piloto do trabalho de doutorado cujo objetivo fora testar as condições experimentais bem como realizar um inventário das ações motoras dos bebês em fases distintas de desenvolvimento no primeiro ano de vida. Ao todo foram feitas 12 coletas semanais de cada sujeito de um menino recém-nascido, duas meninas uma com seis meses e a outra com onze meses de idade.

Os dados obtidos foram de muito úteis para a sequência do projeto de doutorado e foram apresentados e publicado nos anais do International Congress of Motor Development and Learning in Infancy II realizado em maio de 2005 na cidade de Murcia. Posteriormente deram origem a um artigo intitulado A Note from the Observation of Infant Aquatic Behaviour cujo escopo fora ampliar as descrições sobre o comportamento dos bebês ao longo do primeiro ano de vida bem como caracterizar essas ações motoras de acordo com o nível desenvolvimento dos sujeitos. Por razões não digeridas o artigo ficou hibernando só recentemente retomei o texto que deve ser submetido á publicação no inicio do próximo semestre.

Retornando do congresso na Espanha finalizei o texto e protocolei o exame de qualificação que aconteceu no início do mês de agosto. A qualificação foi desgastante o texto apresentado continha em sua estrutura conceitos não totalmente pacíficos na área de Comportamento Motor ou quem sabe eu também não tenha sido claro o suficiente para defendê-los e por isso fui questionado. Além disso enfrentei uma série de problemas pessoais e institucionais, já resolvidos, mas que à época interferiram no processo.

Definida a qualificação retornei a Londrina e parti para a execução do experimento que pretendia avaliar o efeito da estimulação no comportamento de locomoção aquática em bebê no primeiro ano de vida. Para tanto as ações motoras de dois grupos de bebês, experimental com estimulação e controle sem estimulação, com idade média de 12,75 semanas no inicio do experimento foram filmadas em diferentes momentos e condições experimentais e posteriormente avaliadas.

O experimento teve seu início na primeira semana de outubro a cada quinze dias fazíamos a coleta de imagens de ambos os grupos. Havia ainda um procedimento prévio a obtenção a de uma série de dados a) antropométricos: peso, altura, circunferência cefálica e torácica, b) desenvolvimentais feitos através da Escala de Bayley de Desenvolvimento Infantil II (1993), c) medidas do estado de humor no momento da coleta, d) medida de estado atenção dos bebês no momento da coleta. O encerramento das coletas aconteceu na primeira semana de abril e durante todo o tempo tive o auxílio imprescindível da época recém doutora professora Inara Marques.

Analisados os dados coletados os resultados obtidos nos permitiram identificar de trinta e dois padrões movimento utilizados pelos bebês cuja qualidade e consistência fora maior no grupo experimental que a no grupo controle. Outra constatação a posição do bebê na água afetou de maneira distinta os grupos estudados no tocante a duração das ações motoras do grupo experimental foi maior ao longo do experimento. Observou-se que o mergulho ventral autônomo foi aposição que produziu ações mais intensas das pernas comparadas às ações dos braços, tronco e cabeça.

Por todos esses dados, apesar da variabilidade comportamental, foi possível identificar regularidades nos comportamentos dos bebês e classificar funcionalmente as ações e os padrões motores. Concluímos que o efeito de estimulação foi determinante na época apresentação dos padrões, possibilitando a definição de perfis do desenvolvimento de padrões de locomoção aquática dos bebês.

Defendi o doutorado em abril de 2002 quase um ano após o encerramento das coletas para uma banca assim composta: Prof. Dr. Humberto Cesar Correia, Prof. Dr. Sérgio Tosi Rodrigues, Profa. Dra. Andrea Michelle Freudenheim e Profa. Dra. Lilian Gobbi mais o orientador. A sessão de defesa como na qualificação foi longa, questionou trabalho, mas não apontou erros metodológicos ou inconsistências teóricas nos resultados. Hoje sinto que poderia ter sido mais ousado nas interpretações dos resultados e nas conclusões porem faltou “Sabença de burro velho e Coragem de tigre moço…” Vanzolini (2002)

“…Quando eu vim da minha terra
Num sabia o que é sobrosso
Sabença de burro velho
Coragem de tigre moço…”

Finalizado o doutorado retornei a Londrina e assumi quatro turmas do segundo ano do curso do bacharelado em Educação Física trabalhando com as disciplinas de Crescimento de Desenvolvimento Humano e no segundo semestre a aulas de Controle Motor, tive que preparar as disciplinas do zero sem nunca antes as ter cursado mesmo em nível de graduação foi um desafio tanto para a docência quanto para os demais afazeres da profissão. Já as aulas da disciplina de Atividades Aquáticas que eu havia preparado durante os quatro anos do doutorado foram, por razões político-administrativas, atribuídas a outro professor, só depois de seis anos é que retomei contato com ela.

Hoje estou nadando em águas calmas, ou melhor, menos turbulentas sou o responsável pelos conteúdos teóricos e práticos das atividades aquáticas nos cursos de Bacharelado e Licenciatura e procuro ligar as disciplinas a conceitos de desenvolvimento motor, por exemplo, a idéia de aquisição hierárquica das habilidades aquáticas e sua ligação com a pedagogia e discutindo de que maneira isso pode ser percebida e utilizada sem desprezar os conceitos da natação esportiva.

Para fortalecer o entendimento dos conteúdos apresentados em sala desde 2010 ofereço aos alunos das minhas turmas e demais acadêmicos de todos os cursos do CEFE a oportunidade de inserção em um projeto de extensão do Departamento de Educação Física que tem por objetivo a elaboração e materialização de um processo metodológico de intervenção pedagógica dos saberes das atividades aquáticas para crianças de Escolas Publicas do em torno da UEL. O projeto tem potencial para atender as demandas de ensino, pesquisa e extensão alem de prestar serviço à comunidade e tem sido algo que me dá muito prazer e retorno.

Alem de envolver estudantes de graduação, pós-graduação, colaboradores formados docentes de dois departamentos, técnicos administrativos, das ações do projeto foram geradas produções acadêmicas tais como: trabalho de conclusão de curso, trabalhos completos, resumos expandidos e resumos em vários congressos da área.

Dado o envolvimento do meu filho Luiz Ernani com escalada esportiva desde o tempo do mestrado me aventurei nessa atividade e participo, desde 2008, como colaborador em um projeto de extensão direcionado a prática da Escalada Esportiva no CEFE. Nas suas duas edições do projeto foram produzidos alguns trabalhos apresentados em congresso e também um capítulo de livro em co-autoria com o Prof. Dr. Tony Honorato. A meta do projeto é ver instalada a parede artificial nas dependências do ginásio de esportes.

Aspectos Administrativos a Chefia do Departamento

A minha atuação em cargos eletivos em atividades acadêmicas e administrativas ocorreu em dois períodos distintos isto é antes da capacitação no período compreendido entre 1986 até 1998e e após o retorno a UEL a partir 2006 a 2014.

Considerações finais

Algumas coincidências marcaram o esse memorial algumas delas são publicáveis outras nem tanto assim vamos rapidamente elas.

Como pode ser observado na leitura o mês de outubro sempre foi pródigo em acontecimentos desde meu o nascimento até a época de finalização desse memorial. Outro dado não sei se relevante é que sempre estive residindo nas proximidades da latitude (23° 27′ de latitude sul) os municípios de Piraju, Londrina e São Paulo são cortados pelo Trópico de Capricórnio para os exotéricos isso pode ter algum significado para mim apenas uma coincidência.

Por várias oportunidades estive bem perto de pessoas que fazem ou fizeram parte de minha travessia e que por algum motivo não aconteceu no primeiro momento e que depois acabaram por acontecer. Assim foi com a Dulce que fizemos parte de uma platéia de 15 pessoas que assistiu a um show do Quinteto Violado no antigo Teatro Universitário de Londrina hoje Teatro Filadélfia. Alem disso usamos a mesma bota ortopédica receitada pelo mesmo médico…

Ou então estar participando de uma Semana de Educação Física em Londrina no ano de 1986 em que um dos cursos foi Desenvolvimento Motor apresentado por um professor da USP que no futuro seria o meu orientador o Professor Edison Manoel e também orientador de dois diletos colegas membros dessa banca Inara e Luiz Dantas com que tenho o prazer de ser amigo e de ter usufruído das suas bondades acadêmicas e pessoais.

Também há coincidência em questões estritamente acadêmicas, ou seja, três pessoas que não se conheciam abordam o mesmo tema em locais muito distantes entre si, como a Eduarda Velozo na Universidade Técnica de Lisboa Phillip Zelazo da McGil University em Montreal Canadá e eu mesmo defendendo a minha tese de Doutorado na USP e voltando á Universidade Estadual de Londrina, tudo isso acontecendo no ano de 2006 e sem que qualquer um de nós tivesse contato pessoal ou então acesso ao trabalho do outro e que tivessem o mesmo interesse: bebês e atividades aquáticas…

É tem coisas que não são fáceis de explicar ainda bem que existem os versos do professor Dr. Paulo Vanzolini (2002) para que eu possa mirar.

… Eu saí da minha terra
Por ter sina viageira
Cum dois meses de viagem
Eu vivi uma vida inteira
Sai bravo, cheguei manso
Macho da mesma maneira
Estrada foi boa mestra
Me deu lição verdadeira
Coragem num tá no grito
E nem riqueza na algibeira
E os pecados de domingo
Quem paga é segunda-feira

 

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